Sua Excelência o Vetor (2)

Stelio Dias

STELIO DIAS – PRESIDENTE DA AEI

 

Vamos conversar…

Sua Excelência o Vetor (2)

 

Stelio Dias

O Aedes mexeu com o mundo. Mexeu com os governos. Embora mexer com os governos não represente muita coisa. Deu manchetes, entrevistas e tirou do noticiário a violência e a corrupção e deu espaço para a ciência. Sim por que o Aedes esta provocando até armas atômicas. Acreditem. Está no noticiário.

Mexeu com conceitos seculares da Igreja Católica e provocou um Papa que se destaca por tratar a fé como uma razão teológica e tratar a razão teológica com simplicidade de conversa de botequim, mesmo quando invoca valores filosóficos das verdades absolutas e relativas, como recentemente fez no México.

O Aedes voou baixo em cima do Papa que para espantá-lo sem repelentes admitiu que “evitar a gravidez não é um mal absoluto”. O extraordinário Pontífice tem predileção por levantar questões transcendentais em entrevistas aéreas. “O aborto não é uma questão qualquer, é um crime. Evitar uma gravidez não é um mal absoluto” , disse o Papa Francisco.

Falando como a mais alta autoridade da Igreja poderia fazer ponto final em: “um crime”. Não o fazendo mostra pelo menos uma intenção em abrir o debate sobre métodos contraceptivos levantados na encíclica do Papa Paulo VI.

Olha o poder desse mosquito. Provocou uma pandemia. Nossa endemia está dentro. Chamou para briga, no nosso caso, as Forças Armadas, 31 ministérios, 5567 Municípios, 27 Estados, 60 milhões de pessoas e estudantes de educação e estimula mais uma encíclica papal.

Por outro lado, pensar que atrás de todo esse exercito governamental está a figura mais importante dos governos atuais: o marqueteiro. Afinal estamos vivendo a republica dele, não a nossa.

De passagem é bom mencionar que os Governos mostraram mais uma vez que suas decisões são produzidas por coreógrafos e marqueteiros. Breve se terá institucionalizado o Ministério do Marqueteiro e do Coreografo, dirigindo todas as ações dos governos.

Agora mesmo o Presidente do Banco Central foi a uma periferia de Brasília (lá, tecnicamente chamada de Entorno) – representando o Governo numa ação contra o Mosquito. Olha gente o que fizeram com o Presidente do Banco Central… Uma vez que não confiam na sua capacidade de controlar juros e a moeda deram-lhe um frasco de repelente. Iguais ações marqueteiras foram realizadas em todos os Estados Brasileiros. Antes, lá em Brasília, o marqueteiro e um coreografo contrataram um borracheiro para espalhar pneus. Deu errado porque não estava acertado com o Presidente do Banco Central (vejam a que submetem um Presidente de Banco Central no nosso pais) chamar atenção do Borracheiro, logo depois vitima de seus clientes e vizinhos, chamando-o de poluidor e produtor de Zica, Dengues e Chicungunha. O Borracheiro agora quer indenização do Governo pelos prejuízos financeiros que está tendo na sua borracharia e os ataques morais sofridos onde mora e trabalha. Não parece crível, mas confiram os noticiários.

Os economistas não poderiam faltar no combate ao temível vetor com suas previsões notáveis sobre o passado. Como são apaixonados por previsões que não se completam, não obstante a beleza do economês os economistas do Banco Mundial entraram na guerra contra seu Aedes . Os economistas do Banco Mundial já decretaram que a impacto sobre o PIB da América Latina será de 0,06 dos seus respectivos PIBs atuais, com significativa alta nos países com elevada dependência do turismo. As picadas do Aedes serão distintas para diferentes países. Teremos a picada nativa e a picada no turista, todas influindo nos PIBs. Mais tarde extensos estudos dos economistas do Banco vão correlacionar picada com o PIB ou quanto representa cada picada no PIB. Como diz o ex Ministro da Fazenda, Pedro Malan que no Brasil “ate o passado é incerto” essas previsões podem voar com os mosquitos.

E os economistas terminaram a Nota Técnica do Banco com uma conclusão tão acaciana quanto suas previsões econômicas sobre os países que neles acreditam: “São necessárias medidas urgentes para impedir a propagação do vírus Zika, ou os impactos humanos e econômicos em toda a região irão aumentar. Viu seu Aedes o que você esta provocando? Seus cinco milímetros de cumprimento chamou para a briga a Comissão Internacional de Energia Nuclear e toda a equipe técnica do Banco Mundial…

O Registro:

O Instituto Butantã iniciou na segunda-feira (22), no Hospital das Clínicas, em São Paulo, a última fase de testes da vacina contra a dengue. A vacina, desenvolvida no Brasil, tem potencial para proteger contra os quatro vírus da dengue. Os resultados nas fases de teste anteriores já superaram as expectativas quanto à eficácia e segurança, se mostrando superior a outras vacinas já disponíveis ou em desenvolvimento. A experiência na criação desta vacina pode encurtar o desenvolvimento de uma outra vacina para combater o vírus zika.

O Instituto Butantã como a Embrapa apesar de serem instituições do Governo se caracterizam como entidade de ensino e pesquisa da mais alta credibilidade internacional. Produz mais de 95% das vacinas em uso e trabalha com pesquisas cientificas em varias áreas da biomedicina e saúde publica. Apenas como registro o Instituto foi criado em 1889 no mesmo ano da Proclamação da Republica e desde então se comporta verdadeiramente como uma Res Publica.

O Livro:

Book The Inside Job

 

A sugestão do Livro é o documentário Trabalhos Internos, ou no original Inside Job, disponível nas principais livrarias ou no YouTube. Através dele você é levado a refletir não apenas o sistema econômico, seus valores e vicissitudes. A Regulamentação ou Desregulamentação. A presença ou a ausência do Estado na circunstancia do individuo. A corrupção dos Governos que sustentam o Estado. Como você foi levado ao cinema para a Grande Aposta aproveite e assista também o Lobo de Wall Street e veja o inspirador do filme, Jordan Belfort ( O Lobo) que depois cumprir pena nos Estados Unidos por operações fraudulentas reúne um publico de mais duas mil pessoas em auditório em Recife que pagaram 3.000 reais para ouvir dele as sete receitas de sucesso, enriquecimento e persuasão. E, La nave va..?

O Filme:

Cartaz do Filme A Grande Aposta

 

A Grande Aposta é o filme e como filme atende a quem entende a intimidade da chamada sétima arte. Dinâmico. Interativo. Cortes rápidos precisos. Vale assistir. Não é um filme de grande publico pelos diálogos e pela historia que retrata a crise econômica que passou os Estados Unidos em 2008 e que levou de roldão a economia mundial à recessão. Por mais que tentasse o roteiro e o Diretor do filme o publico não afeito às economias dos “papeis” não consegue acompanhar os diálogos, mesmo explicados. Mas os principais personagens que encaram os eixos das apostas no mercado especulativo não economizam criticas ao sistema: governo, bancos, agencia reguladoras. Empresas seguradoras e agencia de avaliação de riscos e até os tomadores das hipotecas, que compraram casas, apartamentos e mansões sem emprego, sem patrimônio e até sem salários fixos, como é o caso no filme das dançarinas de boates. Enfim, é um jogo onde os apostadores usam o sistema para apostar contra o próprio sistema. Quem se dispuser assistir o filme vale a pena. Eu, assistir duas vezes. Vale assistir antes do documentário Insider Job disponível no YouTube. É um filme para refletir sobre a economia real e a economia feita pela especulação. A Economia com regulação e a Economia Livre. O Governo indutor e responsável e um Governo que sustenta o sistema. Enfim, como você coloca o Estado dentro do Estado. Muita gente nos Estados Unidos perdeu dinheiro, casa, emprego e esperança. E isso estava refletido na frase que aparece no inicio da exibição do filme.

A Frase:

“O que nos causa problemas não é o que não sabemos. É o que temos certeza que sabemos e que, no final, não é verdade”

Frase do escritor norte Americano Mark Twain na abertura do filme A Grande Aposta.

 

Stelio Dias, jornalista, professor (Ufes e UnB), preside a AEI e exerce a vice presidência na FENAI e ABI-DF. Foi Deputado Constituinte na Câmara Federal.