Para presidente do 7º Congresso Brasileiro de Células-Tronco e Terapia Celular, intercâmbio entre pesquisadores brasileiros e internacionais é passo decisivo para fomento da pesquisa com células-tronco no País
SÃO PAULO [ ABN NEWS ] — Desde hoje até 6 de outubro, a FecomercioSP sediará o VII Congresso Brasileiro de Células-Tronco e Terapia Celular (7º CBCTTC). Para Lygia Pereira, presidente do Congresso e diretora do Laboratório Nacional de Células-tronco Embrionárias da Universidade de São Paulo (LaNCE – USP), a edição de 2012 será ainda mais importante, pois um dos apoiadores é a International Society for Stem Cell Research (ISSCR) – mundialmente, a mais importante instituição na área de pesquisas com células-tronco (CTs). “A participação da ISSCR traz consigo toda uma tradição em pesquisas, debates sobre ética, entre outras atividades. Além disso, possibilita que um grupo de cientistas internacionais extremamente qualificados venha aqui expor suas ideias. É essencial que o Brasil faça parte desse universo”, diz.
Lygia Pereira explica que, em geral, o Congresso é voltado para os especialistas na área e, por isso, possui uma linguagem técnica, acadêmica, de difícil entendimento. Visando a atingir o público leigo que se interessa por terapia celular, a presidente do evento ministrará a palestra “Células-Tronco: Promessas e Realidades da Terapia Regenerativa” hoje (3), às 19 horas. “O assunto mobiliza muito a população, já que as células-tronco são a grande esperança de tratamento para uma série de doenças. A ideia é prestar contas ao grande público – explicar questões básicas, apresentar as principais promessas para o futuro e as terapias que já existem na prática, além de introduzir o que será discutido durante o evento”, relata.
Ela explica que um dos principais destaques desta edição é a participação do California Institute for Regenerative Medicine (CIRM). Uma das mais relevantes iniciativas na área, o CIRM foi criado em 2004, com base em um investimento de US$ 3 bilhões do governo do estado da Califórnia, quando George W. Bush proibiu a realização de pesquisas com células-tronco. “Do ponto de vista desse protótipo de financiamento científico, a presença de Alan Trounson, presidente do CIRM, é um dos destaques do evento”, diz Lygia. Para ela, o instituto configura-se como um modelo de negócio muito interessante que, além de alavancar a economia local, contribui para a construção de novos institutos de pesquisa. Não obstante, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) assinou, recentemente, um termo de entendimento com o CIRM. A principal meta é fortalecer o incremento da pesquisa científica e tecnológica relacionada às células-tronco, além de facilitar o financiamento de projetos colaborativos entre a Califórnia e o Brasil e promover a interação de pesquisadores brasileiros com a comunidade científica californiana.
Por outro lado, sob o prisma científico, a presidente do Congresso destaca as discussões sobre a regulamentação da terapia celular amanhã (3), a partir das 13h30. “Como uma novidade na medicina, as células-tronco implicam necessidade de legislar para proteger os pacientes, mas sem impedir o desenvolvimento das pesquisas na área”, diz.
Ela também aponta a relevância da mesa que debaterá, no dia 4, às 15h40, o uso de células-tronco para entender doenças como autismo, esquizofrenia e Alzheimer, comparando o neurônio normal com aquele afetado pelas patologias.
Lygia salienta as discussões sobre células-tronco e envelhecimento, também no dia 4, às 11 horas. “Teremos a apresentação de pesquisas sobre o tratamento de diabetes, doenças pulmonares, cardíacas, AVC, entre outras. O uso de células-tronco embrionárias para terapia na retina, além de ser pioneiro, também possui muito apelo, assim como o tratamento para lesão na medula. É difícil destacar uma ou outra palestra, pois a gama de debates é muito ampla, e tudo é importante.”
A especialista espera que o Congresso promova crescente internacionalização das pesquisas nacionais, com a vinda de pesquisadores e instituições estrangeiros. “Esse intercâmbio é essencial para que a comunidade científica brasileira tenha mais visibilidade no cenário mundial. Haverá muita discussão sobre o trabalho que está sendo feito lá fora, mas as pesquisas brasileiras também serão contempladas. E, mais importante, visibilidade implica credibilidade”, antecipa.
Pesquisadores reconhecidos em todos os painéis
Alguns dos palestrantes internacionais são: Armand Keating, do University of Toronto Institute of Biomaterials and Biomedical Engineering, de Toronto, Canadá; Alan Trounson, do Institute for Regenerative Medicine in San Francisco, da Califórnia, Estados Unidos; Christopher Fasano, do Albany Medical College, de Nova York, Estados Unidos; Deepak Srivastava, do University of California Gladstone Institute of Cardiovascular Disease, de San Francisco, Estados Unidos; e Larry Couture, do City of Hope Beckman Research Institute, da Califórnia, Estados Unidos.
Entre os pesquisadores que representam o Brasil, estão: Antônio Carlos Campos de Carvalho, Diretor da Rede Nacional de Terapia Celular da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); Niels Olsen Saraiva Câmara, do Instituto de Ciências Biomédicas da USP; Stevens Rehen, do Instituto de Ciências Biomédicas da UFRJ, e Maria Rita Passos-Bueno, do Departamento de Genética e Evolução Biológica do Instituto de Biociência da USP.
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