Sem aumento, abono… e o precatório?

Boris Castro
 
 
 
 
 
 
 
 
 

Dr. Boris Castro, advogado e jornalista é vice Presidente da AFPES e Consultor do Tesouro Tesouro

 

VITÓRIA – Há muito tempo o funcionário público estadual, notadamente o Poder Executivo, não passa por crise financeira tão dolorosa.

Apesar de ganhar pouco e a inflação galopante corroer seu salário, não terá aumento salarial este ano e o Governo, fugindo norma dos demais, também, não deu o tradicional abono de Natal.

Culpar a crise e o caixa, é fuga estratégica à verdade pelo Governador do Estado do Espírito Santo que, como cometam, demonstra não gostar dos funcionários públicos, quando os outros Poderes, notadamente o Judiciário, o abono foi substancial.

Inegavelmente tal situação mexe com o ânimo e psicológico do servidor público, que faz malabarismo com o salário ridículo que recebe, deixando um rastro de preocupações traumatizantes de tirar o sono. Pagar salários em dia não é favor, e sim uma obrigação garantida pela Constituição.

Papai Noel, com certeza, não visitou suas residências para deixar modestos presentes para seus filhos e, à mesa, certamente faltou o suficiente para lembrar que viviam festas de final de ano.

Lamentavelmente, quando o funcionário tem dívida para com o Estado por qualquer razão, a cobrança é feita a toque de caixa, da noite para o dia, o mesmo não acontecendo quando se tem a receber. A recíproca nunca é verdadeira.

Dou como exemplo o precatório, direito líquido e certo do servidor que, apesar de ganho em todas as Instâncias, procrastinam, empurram com a barriga e deixam nas gavetas esquecidas, desumanamente, na poeira do tempo.

Muitos morrem esperando e sonhando recebe-lo. O que é mais triste, são recebidos por filhos ou netos anos e anos depois.

O Supremo Tribunal Federal, felizmente, aprovou prazo para pagamento dos precatórios, considerando a inexplicável inércia dos Governos, que podem ser punidos com bens penhorados. Acabou o enrolo, tem de pagar.

Senhor Governador Paulo Hartung, o senhor foi eleito com ajuda de seus funcionários, hoje injustiçados e sem esperanças de um amanhã melhor, pela maldita inflação que desmonta seus planos e consome seus salários.

São homens e mulheres honestos que trabalham sol a sol para sobrevivência de suas famílias, ajudando a sua administração a prosperar, sem a nódoa infame da corrupção que aflora no Poder Central. Por isso merecem mais respeito.

Senhor Governador, ainda há tempo de fazer justiça e ficar bem com Deus.