Sua Excelência o Vetor

 

Vamos Conversar…

Stelio Dias

 

Sua Excelência o Vetor

Gostaria muito é de conversar com você, seu Aedes. Chamá-lo para uma conversa ao pé do fogo como dizia minha avó, quando queria chamar atenção da nossa infantil afoiteza, pura, embora destrambelhada infância. Está nas minhas intenções conversar, aqui, com minha avó e arrancar de algum escaninho da memoria suas lições, embora só guarde seu amor dual de mãe…

Minha curiosidade em conversar com você é a mesma que tive na minha juventude do Vietcong. Não poderia compreender como o vietcongue vencia o poderoso exercito dos Estados Unidos. Uma guerra que o Vietcong ganhou debaixo da terra. Escondido. E você, Aedes, está ganhando a guerra a céu aberto, ou melhor, bem visível confortável instalado em pneus velhos..

Você está sendo conhecido e chamado de vários nomes. Ora, é o primitivo Aedes Egiptae, ora é o Vetor para os epidemiologistas. Ora é perigoso inseto para os agentes de saúde, ora pernilongo-rajado. Ora mosquito da dengue, ora simplesmente o mosquito e agora seu gênero foi desnudado é a “Mosquita”. A Presidenta assim quer e assim será. Afinal como todo governante ele (ela) é o Estado. E no caso é o Estado que vai dizer se você foi mordido por um mosquito ou uma “mosquita”. Uma Lei ou Medida Provisória vai definir a picada e pronto.

Não vem ao caso, mas a filosofa judia Hannah Arendt, em seu livro “As Origens do Totalitarismo” disse em relação aos judeus o seguinte: “O totalitarismo se baseia na solidão, na experiência de não pertencer ao mundo, que é uma das mais radicais e desesperadoras experiências que o ser humano pode ter”.

Você, Aedes, não conheceu Hannah nem a mordeu, mas está em 31 países. Você é desafiador e hoje, não sei se sorridente, conquanto corajoso, pertence ao mundo. Não é só e não sofre de radical nem desesperadora experiência. Nós, sim, com a guerra que você está ganhando dos governos.

Não, sei Aedes, se você está satisfeito com o tratamento dado no Brasil pelo governo ou pelos governos. Eles estão com você. Você ajudou muito aos marqueteiros de palavras pagos pelos governos.

Você mobilizou 31 ministérios e Ministros que saíram alegres e felizes junto com disciplinados soldados da nossa invejável Forças Armadas muitos sem saberem onde estavam, o que faziam, mas ao contrário de você, Aedes, antes de tudo hierárquicos e disciplinados.

Sobraram 4 (quatro) ministros. Ainda bem que não criaram mais 4 Estados por qualquer projeto de Lei para harmonizar o número de ministério com o número de Estados. O pior, não sabemos: 39 ministérios no pé ou na asa de um mosquito, desculpe, mosquita. A primeira vista o mais devastador são os 39 ministérios.

Sua historia Aedes confunde com a nossa própria Historia. Veio da África, Em 1686 já nos dizimava. Colonizou-se e colonizou-nos. Passou pelo Egito onde foi rebatizado. Perdeu sucessivas batalhas para generais como Oswaldo Cruz, Emilio Ribas, Adolfo Lutz. Hoje você e parte da nossa geografia. Está em todos os cantos. O cientista Oswaldo Cruz teve que enfrentar a Revolta das Vacinas para combater você Aedes.

Em 1932 aqui no ES se as estatísticas que não confiáveis estiverem corretas é o terceiro Estado que você desafia. Tivemos em 1931 no vale do Canaã a primeira epidemia de febre amarela do país. Se fosse em Cachoeiro vocês Aesdes teria voado na “capital secreta do Mundo”. Isso, Aedes, Um ano depois do governo brasileiro ter conveniado com a Fundação Rockfeller para combater o mosquito com petróleo. Deus! dessa Aedes você escapou. Escapou de ser uma estatal a Mosquitobrás e está escapando da mais nova legenda da república, o Moro.

 

O Registro

Um dos mais respeitados infectologistas do Brasil, o professor e ex-diretor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e coordenador de Controle de Doenças da Secretaria da Saúde de São Paulo, Marcos Boulos, acredita que o País vive atualmente a maior epidemia já registrada no mundo por Zica vírus. Declaração dada ao Programa Espaço Público na TV Brasil que toda autoridade de saúde deveria ver.

 

O Filme

Spotlight – Segredos Revelados

Spotlight – Segredos Revelados – Realmente um excelente filme. Ganhador do Oscar Melhor Filme 2015. O Diretor consegue fazer o espectador fazer parte da historia. Revela o que é e a importância de um bom jornalista. Revela a importância do jornalismo chamado investigativo. Para Steve Cool que trabalhou mais de vinte anos no Washington Post e hoje na Revista New Yorker em entrevista a Revista Piauí, de Setembro: “se tivesse começando agora escolheria outra profissão. O tipo de jornalismo que fiz a vida toda, com reportagens investigativas longa, de estilo narrativo, acabou”. Baseado em fatos reais mostra que o jornalismo impresso vai sobreviver não pelo instrumento que usa – o papel – mas por uma nova arquitetura da informação – no caso o jornalista. A historia, real, de 2002, leva a reflexão sobre o futuro do jornalismo impresso. Longe, até porque não entendo da sétima arte, de critico de cinema – assistam e vejam o bem que este filme faz ao jornalismo, que faz à Igreja Católica e todos nos.

 

A Frase

“Não vamos dar vacina para 200 milhões de brasileiros. Nós vamos dar para as pessoas em período fértil. E vamos torcer para que as pessoas antes de entrar no período fértil peguem a zika, para elas ficarem imunizadas pelo próprio mosquito. Aí não precisa dar vacina”. Acreditem mas a frase devidamente ‘aspeada’ é de Marcelo de Castro, Ministro da Saúde do atual Governo.

 

O Livro

Desigualdades Educacionais & Pobreza – Editora PUC Minas – 2013 – vários autores. Livro patrocinado pela empresa capixaba, Herkenhoff & Prates hoje sediada em Belo Horizonte e que desenvolve, monitora, e produz avaliação de projetos e programas para o setor privado, terceiro setor e público. Livro indispensável aos cursos de Pedagogia, Politicas Publicas, em nível de graduação e pós-graduação. Destaco a Seção 5 do livro que faz um importante estudo sobre o tema Juventude e Educação Profissional que os professores capixabas da Herkenhoff & Prates apresentam o PEP – Programa de Ensino Profissional que monitoram para o Governo de Minas, onde os alunos do Programa são monitorados e avaliados em duas pontas: a ponta da evasão do ensino médio e a ponta da inserção do jovem no mercado de trabalho, atuando o Programa no ver dos Professores Mario Herkenhoff, Lauro Prates e Cristina Margoto como “ estimulo a permanência dos beneficiários na Escola.”

 

Stelio Dias, jornalista, professor (Ufes e UnB), preside a AEI e exerce a vice presidência na FENAI e ABI-DF. Foi Deputado Constituinte na Câmara Federal.